Fonte: Revista Cláudia
Existe uma charada de criança que é bem interessante: "Até que ponto um cachorro pode entrar no meio do mato?" A solução é uma brincadeira mas dá margens a boas reflexões e nos ajuda a entender como lidar com os conflitos.
A resposta: o cachorro entra no mato até o meio. Só é possível entrar no mato até o meio. Se o cachorro for além do meio, ele não estará mais entrando, mas já estará saindo. Simples, não? Parece bobagem, mas isso quer dizer que, quando vamos além do meio, vamos para outro território. Isso é muito sério!
Numa situação de conflito devemos fazer a mesma coisa: em vez de brigar, é aconselhável ir, no máximo, até o meio do caminho.
Quando se vai além desse limite, já é ataque, é invasão. E quem ataca pode sofrer represália, porque dá ao outro o direito de se defender com o uso da força.
Quando pensamos sobre limites, é comum nos perguntarmos: "Onde é o meio do caminho numa situação de conflito? " Numa questão entre dois países, é a fronteira. Podem-se fazer manobras militares até a divisa com o país vizinho, mais do que isso é invasão. Numa relação interpessoal, o meio do caminho é a outra pessoa. É o respeito ao espaço, ao tempo e ao processo de outra pessoa. Qualquer passo além dessa fronteira também é invasão.
Os antigos estrategistas chineses tinham o seguinte princípio: " É melhor recuar um metro do que avançar um centímetro".
Quando invadimos, perdemos a razão, damos ao outro o direito de se defender com uma ação enérgica. Os taoístas também diziam que, "se dois exércitos forem iguais, vence o lado que tiver o general mais compassivo". Isto é, vence aquele general que prefere não brigar, que lamenta a brutalidade e as perdas que a guerra traz. Se ele entrar na guerra, é porque já se esgotaram todas as possibilidades pacíficas. Quanto mais ele puder evitar a batalha, melhor. O general compassivo age como a água: enquanto for possível, ele não confronta.
Como na vida diária não temos de enfrentar guerras, ou invasões a toda hora, as coisas são mais fáceis. Podemos lembrar de que as questões quase sempre são como pequenas pedras no rio e que em situações de confronto o melhor é ser como a água. Sabedoria é agir com suavidade, com diplomacia, e não brigar com os obstáculos.